quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Factos e Personalidades da História das Ilhas

Factos e Personalidades da História das Ilhas

Índice Cronológico

Calamidades

22/10/1522 ..  Sublevação de Vila Franca

27/11/1957 ..  Vulcão dos Capelinhos

11/1/1980 .… Sismo da Ilha Terceira

31/10/1997 .. Desabamento de terras na Ribeira Quente

9/7/1998 ….. Sismo do Faial

Factos Históricos

15/8/1942 ..Descoberta e povoamento dos Açores

7/2/1493 … Passagem de Colombo por Sta. Maria

25/7/1581 .. Batalha da Salga

26/7/1582 .. Batalha de Vila Franca

11/8/1829 .. Batalha da Praia

3/8/1831 ..  Batalha da Ladeira Velha

7/12/1983 ..Centro Histórico de Angra

25/3/2004 ..  Paisagem da Cultura da Vinha a Ilha do Pico

Personalidades

1522 – 24/8/1591 . …….. Gaspar Frutuoso

Julho 1562  - 11/4/1607  . Bento de  Góis

8/7/1840 – 5/3/1917 …  . Manuel de Arriaga

18/4/1842 – 11/9/1891. .. Antero de Quental

24/2/1843 – 28/1/1924 ….Teófilo Braga

12/6/1850 – 28/1/1898 …. Roberto Ivens

18/5/1858 – 25/11/1941 .. Florêncio Terra

11/5/1869 – 11/7/ 1934 .. Francisco Lacerda

25/3/1871 – 31/1/1946 ….Nunes da Rosa

19/6/1871 – 31/11/1923 .. Roberto Mesquita

28/2/1891 – 14/10/1971 .. Armando Cortes-Rodrigues

3/12/1891 – 11/1/1975 ….Domingos Rebelo

19/12/1901 – 20/2/1978 .. Vitorino Nemésio

17/12/1905 – 27/6/1991….Manuel Barbosa

9/9/1915 – 20/12/1988..…Dinis da Luz

20/1/1916 – 1/1/2012 ….. Manuel Ferreira

13/9/1923 – 16/3/1993 .. Natália Correia

5/9/1922 – 13/4/2003 ….. Pedro da Silveira

19/4/1915 – 24/9/2008 .. Dias de Melo

Catástrofes Naturais

Grande Terramoto de Vila Franca - 1522

Na madrugada de 22 de Outubro de 1522 os Açores registaram o terramoto mais devastador da sua história, apenas suplantado em Portugal pelo terramoto de 1755. O terramoto de 1522 provocou um grande desabamento de terras nas encostas sobranceiras a Vila Franca do Campo, então capital dos Açores, causando o soterramento quase total da vila e a morte de praticamente toda a sua população. Para além da destruição causada em Vila Franca do Campo, o terramoto também atingiu fortemente as povoações vizinhas, sobretudo Ponta Garça e no norte da ilha a Maia e Porto Formoso, onde também fez grandes estragos e centenas de mortos.

Esta tragédia inspirou muitos escritos e pelo menos um romance de raiz oral intitulado “Romance que se fez d'algumas mágoas, e perdas que causou o tremor de Vila Franca do Campo”. Este romance é tido como a mais antiga peça de literatura oral recolhida nos Açores.

Os tradicionais grupos de romeiros que anualmente pela quaresma percorrem a ilha de S. Miguel em oração têm origem nas peregrinações de penitentes pelas igrejas e ermidas da ilha que se seguiram à catástrofe de 1522, rogando a proteção divina para os males que os atingiam.



Vulcão dos Capelinhos - 1957

A erupção que criou o vulcão dos Capelinhos começou a 27 de setembro de 1957, com origem no mar, a 300 metros da Ponta dos Capelinhos na freguesia do Capelo, ilha do Faial, e terminou treze meses depois. A última emissão de lavas data de 24 de outubro de 1958. A primeira fase de atividade vulcânica caracterizou-se por grandes explosões, com a emissão de jatos de cinzas e colunas de vapor de água e gases vulcânicos, alternando com períodos de relativa calmaria. Em novembro de 1957 o vulcão ligou-se à ilha do Faial.

O rasto de destruição deixado por esta erupção foi enorme. Os abalos  associados ao vulcão e a queda de cinzas e materiais projetados provocaram a destruição generalizada das habitações e campos do oeste do Faial. Em solidariedade o Congresso dos EUA emitiu legislação permitindo a imigração para os EUA de açorianos afetados pela catástrofe o que desencadeou um grande êxodo da população.

Atualmente o Vulcão dos Capelinhos está classificado como um monumento natural e é uma das paisagens emblemáticas do arquipélago dos Açores.




Sismo de 1de Janeiro de 1980 - Terceira

No dia 1de Janeiro de 1980, às 15h42, hora local, um forte sismo com a magnitude de 7.2 na escala de Richter  com epicentro no oceano Atlântico atingiu o grupo central do arquipélago dos Açores, sobretudo as ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge, mas também se fez sentir nas ilhas do Pico e Faial.

O sismo causou sérios danos na Ilha Terceira, sendo Angra do Heroísmo a zona mais afetada. Além de 70 mortos, registaram-se mais de 400 feridos e mais de 20 mil pessoas ficaram desalojadas depois de as suas casas terem ficado destruídas ou sem condições de habitabilidade. Depois do sismo, o então Presidente da República Portuguesa, António Ramalho Eanes anunciou três dias de luto nacional, enquanto socorros esforços de ajuda humanitária, iniciados pela Força Aérea Portuguesa, foram rapidamente ativados e enviados ao local.


             


Desabamento de terras na Ribeira Quente - 1997

Na madrugada de 31 de Outubro de 1997, após uma semana de chuvas torrenciais, que culminou com mais de duas horas de precipitação intensa, ocorreu um desabamento de terras na encosta sobranceira à pequena freguesia de Ribeira Quente na ilha de São Miguel, provocando um mar de lama e de terras que soterrou dezenas de casas num cenário de horror que causou 29 mortos, 3 feridos graves e levou ao desalojamento de 36 agregados familiares, num total de 114 pessoas.

A situação ainda se agravou pelo facto da freguesia ter ficado isolada, sem eletricidade, água e comunicações e de a única estrada que liga a freguesia ao resto da ilha ter ficado inacessível.

Nas semanas seguintes à catástrofe, quando se tentava regressar à normalidade, o maior receio das autoridades locais era a possibilidade de muitas famílias abandonarem definitivamente a freguesia onde reside a segunda maior comunidade piscatória da ilha de São Miguel, depois de Rabo de Peixe, mas a esmagadora maioria preferiu ficar.




Sismo de Julho de 1998 - Faial

Na madrugada de 9 de Julho de 1998 um violento sismo de magnitude 5,8 na escala de Richter, com epicentro localizado a cerca de 16 km da cidade da Horta, atingiu as ilhas do Faial, Pico e S. Jorge, dando origem a uma vasta destruição, provocando 9 mortes, mais de uma centena de feridos e alguns milhares de desalojados.

A ilha do Faial foi a mais afetada, com cerca de 1500 casas parcial ou totalmente destruídas, danos materiais significativos ao nível de infraestruturas básicas como a rede viária, o sistema de abastecimento de água, a rede de distribuição de energia e de comunicações. Na sequência do sismo ocorreram ainda derrocadas nas arribas litorais, nas escarpas e em zonas de declive mais acentuado.



Factos Históricos

Descoberta e Povoamento dos Açores

A 15 de agosto de 1432, dia da Assunção de Nossa Senhora, o navegador Gonçalo Velho Cabral e a sua tripulação desembarcam na ilha a que deram nome de Santa Maria em homenagem à Virgem Santa, por aquela data ser o seu dia.

Desconhece-se a data precisa da descoberta do arquipélago dos Açores. Segundo Gaspar Frutuoso, cronista açoriano do século XVI, os Açores foram descobertos por Gonçalo Velho Cabral que, a mando do Infante D. Henrique, teria chegado à ilha de Sta. Maria em 1432 e a S. Miguel em 1444. Contudo, crê-se que São Miguel e Santa Maria, as primeiras ilhas a serem descobertas, foram-no por volta de 1427 pelo navegador Diogo de Silves. O que se sabe ao certo é que Gonçalo Velho Cabral chegou à ilha de Santa Maria em 1432, decorrendo nos anos seguintes o descobrimento, ou reconhecimento das restantes ilhas do arquipélago, sendo as ilhas das Flores e do Corvo as últimas a serem descobertas.

O povoamento dos Açores iniciou-se em 1439 por ordem Infante D. Henrique, sendo as primeiras ilhas a serem povoadas as de Santa Maria e de S. Miguel com famílias vindas, por intermédio de Gonçalo Velho, da Estremadura, do Alto Alentejo e do Algarve.



Desembarque de Cristóvão Colombo em Santa Maria - 1493

Em Fevereiro de 1493, quando regressava da viagem de descobrimento da América, a frota de Colombo foi apanhada por uma forte tempestade e perdeu de vista uma das caravelas. Prometeram então rezar uma missa de graças na primeira terra em que aportassem caso encontrassem a caravela desaparecida e os seus marinheiros estivessem a salvo. Assim aconteceu e no dia 19 Fevereiro de 1493. Colombo e os seus homens rezaram a missa prometida na primeira terra em que aportaram, junto à Baía dos Anjos na costa norte da Ilha de Santa Maria.

Nesses tempos, como acontecia com as demais ilhas do arquipélago, Santa Maria era assolada por frequentes ataques e razias por parte de corsários e piratas. Por essa razão quando os homens de Colombo tentaram desembarcar para rezar a prometida missa, a população da baía dos Anjos, pensando tratar-se de piratas, receberam-nos de maneira hostil, registando-se o aprisionamento de alguns deles. Só após complexas negociações Colombo conseguiu a sua libertação.



Batalha da Salga - 1581


A 25 de julho de 1581 dava-se na ilha Terceira um acontecimento marcante na história dos Açores em que o povo e os toiros foram determinantes na defesa da Ilha: a Batalha da Salga à qual está ligada a lenda de Brianda Pereira.

A Batalha da Salga, travada no contexto da crise de sucessão ao trono português de 1580, foi um combate entre uma força de desembarque de Filipe II de Espanha sob o comando do general. Pedro de Valdez e a guarnição da Ilha Terceira que, fiel à causa de D. António Prior do Crato, defendia a ilha opondo-se à pretensão de Filipe II ao trono português e consequente união com Espanha.

Reza a história que os defensores da ilha, ajudados pela população local, recorreram à largada de toiros nos caminhos por onde as forças espanholas pretendiam penetrar em terra, dificultando assim a invasão. A batalha que se seguiu resultou numa humilhante derrota das força invasoras, que muito enfraquecidas pelas perdas sofridas, tiveram de retirar para São Miguel e daí para Lisboa. O período de alguma acalmia que se seguiu permitiu às forças de D. António Prior do Crato reforçar as defesas da ilha.

Os toiros hoje presentes no brasão de armas dos Açores representam o papel decisivo do gado bravo e a bravura do povo da Terceira na luta pela independência de Portugal. Também a divisa dos Açores "Antes morrer livres que em paz sujeitos", presente no mesmo brasão, foi retirada da carta do então corregedor dos Açores e grande apoiante de D. António Prior do Crato, Ciprião de Figueiredo, ao rei Filipe II de Espanha recusando-lhe a sujeição da ilha Terceira ao seu domínio em troca de mercês várias.

Em relatos posteriores da batalha, em que a história e a lenda se misturam, surge com o estatuto de heroína mítica a figura de Brianda Pereira, mulher do povo que pela sua coragem e valentia na luta contra os invasores espanhóis se tornou num símbolo da resistência da ilha Terceira ao domínio de Filipe II de Espanha.


              


Batalha naval de Vila Franca do Campo - 1582

No dia 26 de Julho de 1582, ao largo de Vila Franca do Campo, na ilha de S. Miguel, travou-se uma das maiores batalhas navais jamais travadas no mar dos Açores, a Batalha Naval de Vila Franca. O confronto, travado no contexto da guerra da sucessão que se seguiu à aclamação de D. António Prior do Crato como rei de Portugal e à ocupação de Filipe II de Espanha do trono português, opôs uma força luso-francesa comandada por Fillippo Storzzi ao serviço da causa de D. António Prior do Crato a uma armada espanhola que incluía boa parte da armada portuguesa, comandada por D. Alvaro Bazán, marquês de Santa Cruz.

A batalha terminou com uma estrondosa derrota forças luso-francesas e D. António foi obrigado a refugiar-se na ilha Terceira, seguindo-se um enorme massacre em Vila Franca do Campo, o maior de que há registo nos Açores.

A pesada derrota dos partidários de D. António foi um duro golpe na resistência armada a Filipe II que tinha nos Açores, sobretudo na ilha Terceira, o seu último reduto.

Da ilha Terceira D. António partiu para o exílio e os Açores acabaram por reconhecer Filipe II como rei de Portugal.



Batalha da Praia (1829)

A 11 de Agosto de 1829 travou-se na baía da então Vila da Praia, ilha Terceira, um combate entre forças liberais leais a D. Maria II e forças absolutistas de D. Miguel que tentaram um desembarque naquela ilha, reduto da causa liberal.

As forças miguelistas tentaram um primeiro desembarque junto ao Forte do Espírito Santo, seguido de um segundo próximo da Vila da Praia, ambos a coberto de forte bombardeamento. Ambas as tentativas foram repelidas pelos defensores da ilha, os chamados "Voluntários da Rainha", sob o comando do Duque da Terceira.

O chamado Batalhão de Voluntários da Rainha, tropa leal a D. Maria II, era uma unidade da fação do Exército liberal Português organizada em Plymouth, Inglaterra com recurso a militares liberais ali exilados na sequência da Belfastada (revolta militar contra a regime miguelista desencadeada a partir do Porto em 1828), a que se juntaram a outros liberais refugiados na Inglaterra e depois na ilha Terceira para onde o batalhão se transferiu.

Como reconhecimento pelos serviços prestados à causa liberal, a rainha D. Maria II atribuiu à Vila da Praia o titulo "Praia da Vitória" e à cidade de Angra o titulo de “Angra do Heroísmo”, nomes que ainda hoje têm.

Com a vitória das forças liberais na batalha da Praia a Terceira tornou-se no baluarte do movimento liberal em Portugal. Angra do Heroísmo foi nomeada capital do reino e ali se instalou um governo provisório fiel à causa de D. Maria II e ao liberalismo. Também ali D. Pedro promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime liberal e organizou a expedição que levou ao desembarque das forças liberais no Mindelo.



Batalha da Ladeira da Velha (1831)

A 3 de Agosto de 1831 deu-se, no contexto da Guerra Civil Portuguesa de 1828-1834, nas proximidades de Porto Formoso um combate entre forças liberais vindas da ilha Terceira e forças miguelistas da guarnição da ilha de São Miguel. Este combate ficou conhecido como Batalha da Ladeira Velha.

Numa lápide evocativa do acontecimento junto ao miradouro de Sta. Luzia em S.Miguel, perto do local da batalha, pode-se ler: “… nos Montes da Ladeira da Velha, localizados a Nascente deste Miradouro, Concelho da Ribeira Grande, as tropas fiéis a D. Pedro IV haviam de vencer o exército do Rei de tradição absolutista, seu irmão, D. Miguel. Foi uma batalha decisiva. Por ela se consolidou a vitória das forças liberais no arquipélago dos Açores, bem como se abriu o caminho que, depois de uma guerra civil cruel levaria em Évora Monte, aos 26 de maio de 18334, à queda do absolutismo e à reposição, em Portugal, da Carta Constitucional”.


            

Centro Histórico de Angra do Heroísmo (1983)

Em 7 de Dezembro de 1983, o Centro Histórico de Angra do Heroísmo foi declarado património mundial pela UNESCO, vendo assim reconhecido o seu valor arquitetónico, histórico e cultural.

Localizada em pleno Oceano Atlântico e oferecendo boas condições de porto seguro, a cidade de Angra do Heroísmo desenvolveu-se a partir do século XVI como escala obrigatória para as carreiras marítimas de naus da Mina, Índia e Brasil. Estruturada num desenho urbano renascentista, a cidade cresceu em importância estratégica e adquiriu um carácter monumental, patente em obras como as fortalezas de S. Sebastião, de S. Filipe, a Sé Catedral, a Igreja da Misericórdia ou o Palácio dos Capitães-Generais.

Entreposto de gentes, gostos e culturas das carreiras dos Descobrimentos, Angra do Heroísmo conserva um legado artístico inigualável de arquitetura, escultura, talha, porcelana, azulejaria e mobiliário, em que o exotismo e preciosidade dos materiais sublinha a nobreza das formas.

Embora fortemente destruída pelo terramoto de 1980, a reconstrução de Angra do Heroísmo soube conservar o seu património urbanístico, arquitetónico e paisagístico único que lhe valeu ser classificada como património mundial pela UNESCO desde 1983.

Fonte: http://www.patrimoniocultural.gov.pt

Sabia que durante a sua história a cidade de Angra do Heroísmo foi por duas vezes capital de Portugal: a primeira à época da Crise de Sucessão de 1580 quando D. António, Prior do Crato ali manteve o último reduto de resistência ao domínio Castelhano; a segunda em 1828, durante a guerra civil que opôs absolutistas a liberais, quando foi ali instalada a Junta Provisória, em nome da rainha D. Maria II de Portugal.


Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (2004)

Em 25 de Março de 2004 a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, a segunda ilha maior dos Açores, foi classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.

A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, compreende grosso modo as áreas vinícolas do Lajido da Criação Velha e do Lajido de Santa Luzia, implantadas em extensos campos de lava caracterizados por uma extrema beleza natural e paisagística.

Remontando ao século XV, o processo de cultura da vinha na ilha do Pico resultou numa extraordinária manta de retalhos de pequenos currais cercados de muros de pedra negra erguidos para proteger as videiras do vento e da água do mar. Esta paisagem de um rendilhado de beleza extraordinária é o melhor testemunha de um processo de cultura da vinha perfeitamente ajustado às características do terreno que tem perdurado ao longo dos séculos.

A classificação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património da Humanidade baseou-se no facto de ser um excelente exemplo de uma longa tradição ligada à cultura local da vinha constituindo uma paisagem vinhateira única. A diversidade da fauna e da flora ali presentes estão associadas a espécies endémicas raras e com estatuto de proteção


Personalidades


Gaspar Frutuoso (1522 - 1591)



Considerado o primeiro grande historiador das ilhas atlânticas, Gaspar Frutuoso nasceu em Ponta Delgada em 1522 e faleceu na Ribeira Grande em 24 de Agosto de 1591. Bacharel e doutorado em Artes e Teologia pela Universidade de Salamanca , é sobretudo conhecido pela sua obra Saudades da Terra, seis livros de grande valor histórico e literário que constituem o mais importante repositório de história, vida, usos e costumes, fauna, flora e geografia dos arquipélagos atlânticos no inicio do século XVI. 

Gaspar Frutuoso assume-se como um verdadeiro cronista insular, já que na sua obra Saudades da Terra, além de uma detalhada histórica e geográfica dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias, faz também referências ao de Cabo Verde.

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 Bento de Góis (1562-1607) 


Bento de Góis nasceu em Vila Franca do Campo, S. Miguel em finais de Julho de 1562. Foi um jesuíta e explorador que se notabilizou pela viagem por terra que realizou entre Goa e Suzhou, na China entre 1602 e 1606. Foi o primeiro europeu a percorrer o caminho terrestre da Índia para a China, através da Ásia Central naquela que foi a maior viagem de exploração terrestre portuguesa e uma das maiores de sempre da história da humanidade.

Bento de Góis faleceu em 11 de Abril de 1607 em Suzhou District Jiuquan, na China.


MANUEL ARRIAGA (1840-1917)


Manuel José de Arriaga Brum da Silveira, conhecido por Manuel de Arriaga nasceu na cidade da Horta em 8 de Julho de 1840.. Advogado, professor, poeta, deputado, Manuel de Arriaga ficou para a História como um dos políticos portugueses mais notáveis da transição do século XIX para o século XX, e da monarquia para a república. Grande orador e defensor destacado do republicanismo, foi dirigente e um dos principais ideólogos do Partido Republicano Português. A 24 de agosto de 1911 tornou-se no primeiro presidente eleito da 1ª República Portuguesa, sucedendo na chefia do Estado ao Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Exerceu aquelas funções até 29 de maio de 1915, data em que foi obrigado a demitir-se, sendo substituído no cargo por Teófilo Braga.

Manuel de Arriaga faleceu em Lisboa a 5 de Março de 1917 e está sepultado no cemitério dos Prazeres.

Antero de Quental (1842-1891)

Nascido em Ponta Delgada em 1842, Antero Tarquínio de Quental é, incontestavelmente, uma das maiores figuras da cultura portuguesa. A par de notável poeta, os seus sonetos, de profunda dimensão filosófica são dos mais belos da nossa poesia, foi também filósofo, pensador e ativista político empenhado na modernização cultural da sociedade portuguesa e na revolução social em defesa da classe trabalhadora.

Ainda muito jovem saiu da ilha natal para prosseguir estudos em Lisboa e depois em Coimbra , em cuja Universidade se formou em Direito em 1864. Contudo Antero manteve sempre uma forte ligação à terra natal, São Miguel, que visitava com alguma assiduidade, ali passando por vezes longas temporadas.

Durante a sua permanência em Coimbra, Antero assumiu-se como uma figura de grande destaque no meio estudantil coimbrão, tomando parte em várias manifestações académicas. Foi por esta altura que contactou com os novos autores e as novas correntes do pensamento europeu, como o socialismo utópico de Proudhon, o positivismo de Comte, o hegelianismo, o darwinismo, o romantismo social de Hugo. Foi também por essa altura que, segundo confessaria mais tarde, perdeu a fé.

Em 1866 mudou-se para Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que também exerceu em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.

Regressou a Lisboa em 1868 e, depois de uma curta viagem à América do Norte, juntou-se com os seus antigos condiscípulos de Coimbra no Cenáculo, grupo onde se discutia as novas doutrinas e se descobria os novos poetas. Em 1871, foi promotor das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, proferindo as duas primeiras, "O Espírito das Conferências" e "Causas da Decadência dos Povos Peninsulares". No rescaldo da proibição das Conferências, consideradas subversivas pelo Governo de então, Antero viveu a sua fase política mais intensa, fundando, com José Fontana, a Internacional Operária em Portugal e também o jornal O Pensamento Social .

Antero de Quental foi um dos nomes mais destacados da chamada Geração de 70, movimento académico de Coimbra do século XIX que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura, cuja renovação se manifestou com a introdução do realismo.

Foi autor de uma extensa obra poética, filosófica, social e politica, Algumas de suas obras são: Sonetos de Antero,1861; Odes Modernas,1865 (Estão na origem da polémica Questão Coimbrã); Bom Senso e Bom Gosto, 1865 (opúsculos; Causas da decadência dos povos peninsulares(1871); Primaveras Românticas (1872); Sonetos Completos (1886); Raios de Extinta Luz (1892).

Em 11 de setembro de 1891, sofrendo de uma psicose maníaco-depressiva desde 1874 que lhe causava frequentes estados de profunda amargura e permanente depressão, Antero de Quental comete suicídio com dois tiros num banco de jardim junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, no Campo de São Francisco, em Ponta Delgada. 

Teófilo Braga (1843 - 1924) 

Nascido em Ponta Delgada em 24 de fevereiro de 1843, Teófilo Braga, de nome completo Joaquim Teófilo Fernandes Braga, foi um dos principais representantes da Geração de 70 e um dos mais prolíficos autores portugueses da segunda metade do século XIX e inícios do século XX.

Teófilo Braga deixou-nos uma obra monumental nos domínios da poesia, da história literária, da teoria da literatura, da ficção e da tradução à qual Ramalho Ortigão se referiu como "o trabalho de uma geração inteira empreendido no cérebro de um só homem".

Desde muito cedo mostrou inclinação para a escrita, tendo com apenas dezasseis anos publicado o livro Folhas Verdes. Em 1861 foi para Coimbra onde frequentou o curso de direito e colaborou no jornal “O Instituto” e na revista “Revista de Coimbra”, manifestando-se já contra os exageros da corrente literária ultrarromântica. Com Antero de Quental é participante ativo nas contestações estudantis de Coimbra e uma das principais figuras da chamada “Escola Coimbrã”. É também membro destacado da fação republicana federalista. Em 1864 publica “Visão dos Tempos “ e “Tempestades Sonoras”, obras que, por assumirem uma função abertamente social, são consideradas revolucionárias e que juntamente com as “Odes Modernas” de Antero de Quental dão origem à polémica “Questão Coimbrã”. Após terminar o curso de direito na Universidade de Coimbra, fixa-se em Lisboa em 1872 onde leciona literatura no Curso Superior de Letras.

Membro fundador do partido republicano, após a proclamação da República, em 1910, foi escolhido para presidente do governo provisório. Em 1915, exerceu as funções de Presidente da República interino.

Além de poeta e político, Teófilo Braga foi um dos mais brilhantes historiadores da literatura Portuguesa. A sua vasta e variada obra inclui no campo da poesia, Folhas Verdes, (1859), Stella Matutína, (1863), Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, (1864), A Ondina do Lago, (1866), Torrentes, (1869), Miragens Seculares (1884). No campo dos costumes e tradições escreveu obras como Os Contos Tradicionais do Povo Português, (1883), O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições, (1885) e História da Poesia Popular Portuguesa (1867). Outras obras abrangem campos tão diversos como o da História Universal, da História do Direito, do Teatro Português, da Literatura Portuguesa, das Novelas Portuguesas de Cavalaria, do Romantismo em Portugal, das Ideias Republicanas em Portugal, bem como folhetos de polémica literária e política e ensaios biográficos.

Teófilo Braga faleceu em 28 de janeiro de 1924 em Lisboa



Roberto Ivens (1850-1898)

Roberto Ivens, oficial da Armada, administrador colonial e explorador do continente africano, nasceu em Ponta Delgada em 12 de Junho de 1850. Depois de viajar por diferentes países, Roberto Ivens  foi nomeado, em 1877, para acompanhar Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto numa expedição em África proposta pela Sociedade de Geografia de Lisboa. O objetivo desta expedição era explorar o continente africano, se possível efetuando a ligação entre a costa atlântica e a costa do Índico, para recolher informações de carácter geográfico que facilitassem o comércio e as comunicações. Das suas viagens em África ficaram os relatos De Angola à Contracosta e De Benguela às Terras de Iaca, o último escrito em conjunto com Hermenegildo Capelo..

Roberto Ivens faleceu no Dafundo, Lisboa em 28 de Janeiro de 1898.


Florêncio Terra (1858 - 1941)


Florêncio Terra foi um professor, jornalista e escritor açoriano que nasceu na cidade da Horta a 18 de Maio de 1858, onde faleceu em 25 de Novembro de 1941.

Prosador fluente com vasta obra dispersa por jornais e revistas dos Açores e do continente, Florêncio Terra notabilizou-se sobretudo como contista. Cultor do conto de inspiração campestre e regionalista é na vida do povo das ilhas do Faial e do Pico com a sua alma simples, os seus costumes, as suas alegrias e sofrimentos que Florêncio Terra encontra a temática para sua obra, criando personagens de intenso realismo e vigor psicológico, observadas na vida social rural.

De entre os seus contos destacam-se: “A Debulha”, “Vida Simples”, "Tão Velha", “Vingança” e “Corações Simples”. O seu conto “A Debulha” figura, a par de contos de Fialho de Almeida, Trindade Coelho, Abel Botelho e outros, na coletânea “Seara Alheia”, organizada por Alfredo Mesquita em 1897. Também Júlio Martins  na sua coletânea “Contos Escolhidos de Autores Portugueses”, destinada a alunos do antigo 3.º ano liceal, incluiu dois contos de Florêncio Terra. 

Após a sua morte, em 1942, foi publicado o 1º volume de uma recolha de contos de Florêncio Terra com o título “Contos e Narrativas”. Em 1949, foi publicada na Horta uma coletânea de cinco contos intitulada “Natal Açoriano” que inclui o conto de Florêncio Terra “Corações Simples”, já incluído em “Contos e Narrativas”.

Francisco Lacerda (1869/1934)


Nascido a 11 de Maio de 1869, na freguesia da Ribeira Seca, ilha de S. Jorge, Francisco Lacerda foi uma figura de grande relevo na vida cultural portuguesa do seu tempo e uma das personalidades açorianas com maior visibilidade no estrangeiro. Compositor e chefe de orquestra de grande talento, exerceu a sua atividade sobretudo em França e na Suíça, mas também em Portugal e por alguns períodos nos Açores.
Francisco Lacerda faleceu em Lisboa a18 de julho de 1934 .

Nunes da Rosa (1871 - 1946)

Filho de emigrantes picoenses, o contista açoriano Francisco Nunes da Rosa, mais conhecido por Nunes da Rosa, nasceu na Califórnia a 22 de março de 1871. Ainda criança Nunes da Rosa acompanhou os pais no seu regresso à ilha do Pico. Frequentou o Liceu da Horta e o seminário de Angra do Heroísmo. Após ter sido ordenado sacerdote em 1893 foi pároco na freguesia do Mosteiro, na Ilha das Flores e posteriormente na freguesia de Bandeiras, na ilha do Pico.

Para além da coletânea Pastorais do Mosteiro, publicado em 1904, publicou em 1925 outro livro de contos, intitulado Gente das Ilhas, que o consagrou como um dos maiores contistas açorianos.

Nunes da Rosa faleceu a 13 de setembro de 1946 na freguesia de Bandeiras, Madalena do Pico.

Roberto Mesquita (1871 - 1923)


Nascido em Santa Cruz das Flores em 19 de junho de 1871, Roberto de Mesquita foi um poeta simbolista açoriano considerado por  Vitorino Nemésio como o melhor exemplo do perfil difuso e abúlico da açorianidade e um dos grandes nomes do simbolismo português cuja poesia, ainda no dizer de Nemésio, exprime o essencial da alma açoriana, moldada pelo isolamento resultante da insularidade.

Após completar os estudos secundários no Liceu da Horta, Roberto Mesquita regressou à sua ilha natal, onde exerceu a profissão de escrivão da Fazenda em Santa Cruz e nas Lajes. Entretanto, através do irmão Carlos, professor em Viseu, mantinha contacto com o que se passava nos meio literário português e europeu e foi compondo a sua obra poética que,  depois de divulgada por Vitorino Nemésio e mais tarde por Pedro da Silveira e Jacinto do Prado Coelho, veio ocupar, um lugar de primeira ordem na corrente simbolista portuguesa.

A sua obra poética inclui o livro de poesia “Almas Cativase cerca de duas dezenas de poemas dispersos em jornais e revistas locais e também nacionais.

Roberto de Mesquita faleceu em Santa Cruz das Flores em 31 de dezembro de 1923.

Armando Cortes-Rodrigues (1891-1971)

Nascido em Vila Franca do Campo em 28 de fevereiro de 1891, Côrtes-Rodrigues é, sem sombra de dúvida, um dos maiores intelectuais açorianos do século XX, tendo deixado uma obra cultural marcante como escritor, poeta, dramaturgo, cronista e etnólogo. Como etnólogo distinguiu-se pelos seus estudos de etnografia açoriana, em particular pela publicação de um Cancioneiro Geral dos Açores e de um Adagiário Popular Açoriano, obras de grande rigor e qualidade.

Após concluir o ensino secundário, Armando Côrtes-Rodrigues partiu para Lisboa, onde se licenciou em Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa, tendo nessa altura conhecido Fernando Pessoa. Após terminar o curso regressou aos Açores onde lecionou nos liceus de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo, neste último apenas até se efetivar em Ponta Delgada. Apesar de radicado nos Açores, continuou a corresponder-se assiduamente com Fernando Pessoa, partilhando dos ideais da nova estética literária sem todavia os adotar por inteiro.

Côrtes-Rodrigues colaborou nos periódicos A Águia, OrpheuExílio e, posteriormente, na PresençaCadernos de PoesiaPortucale Atlântico. Escreveu ainda crónicas e teatro, tendo a sua peça Quando o Mar Galgou a Terra sido adaptada ao cinema pelo realizador Henrique Campos. A história, uma das raras incursões do cinema português no universo açoriano , seu povo e seus costumes, é um melodrama tradicional sobre um proprietário rural que procura seduzir a mulher de um pescador. No evoluir da história as tempestades que dominam a alma dos protagonistas encontram eco nas tempestades da natureza quando a fúria do mar assola a terra.

Em 1953 Côrtes-Rodrigues ganhou o Prémio Antero de Quental com o livro Horto Fechado e Outros Poemas.


Armando Cortes-Rodrigues faleceu em 14 de outubro de 1971 em Ponta Delgada.

Domingos Rebelo ( 1891-1975)


O professor e pintor Domingos Rebelo nasceu em Ponta Delgada em 3 de dezembro de 1891. Foi autor de alguns dos quadros mais emblemáticas da pintura açoriana, com destaque para Os Emigrantes, provavelmente a pintura mais reproduzida no arquipélago.

Desde muito novo Domingos Rebelo revelou aptidão para a arte e aos 15 anos partiu para Paris onde viveu durante 6 anos. Ali estudou e conviveu com outros nomes da pintura portuguesa como Amadeo de Souza-Cardoso, Santa-Rita, Dórdio Gomes, Eduardo Viana, Manuel Bentes e Pedro Cruz, entre outros. Foi nesse meio artístico, onde se fazia sentir a originalidade dos modernistas Cézanne, Matisse e Modigliani que Domingos Rebelo aperfeiçoou a sua formação técnica e ganhou a mundividência que demonstrou na sua obra.

De Paris regressou a S. Miguel, onde permaneceu trinta anos, deslocando-se de vez em quando a Lisboa e participando com regularidade nas exposições anuais da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Em 1942 Domingos Rebelo fixou-se definitivamente em Lisboa, onde completou quatro dos sete painéis que decoram o salão nobre da Assembleia da República, obra a iniciada pelo pintor Sousa Lopes.

Apesar da sua prolongada estadia em Paris e das várias deslocações a Lisboa, Domingos Rebelo permaneceu sempre ligado aos Açores. Esta ligação está bem patente no aspeto etnográfico de que se reveste grande parte da sua pintura onde são descritas e magistralmente pintadas as manifestações mais relevantes do povo açoriano, como as festividades do Espírito Santo e do Senhor Santo Cristo dos Milagres, bem como paisagens e cenas da vida rural açoriana. Neste contexto merece referência maior o quadro Os Emigrantes, justamente considerado o ex-libris da pintura açoriana e a obra-prima de Domingos Rebelo.

Domingos Rebelo faleceu em 11 de Janeiro de 1975 em Lisboa.

Vitorino Nemésio (1901-1978)


Nascido na Praia da Vitória, Ilha Terceira, em 19 de Dezembro de 1901, Vitorino Nemésio foi uma personalidade marcante da cultura portuguesa do século XX, que se distinguiu como jornalista, professor, escritor e ensaísta. 
Vitorino Nemésio fez os seus estudos primários e secundários na Praia da Vitória, em Angra do Heroísmo e na Horta, vindo a concluir o liceu em Coimbra em 1921. Terminou o curso de Filologia Românica com elevada classificação na Faculdade de Letras de Lisboa, onde lecionou ao longo de quase 40 anos. Do seu vasto curriculum académico contam-se, ainda, passagens pela Bélgica, na Universidade Livre de Bruxelas onde lecionou de 1937 a 1939 e pelo Brasil em 1958. Além de professor de mérito reconhecido, Vitorino Nemésio foi também um grande comunicador, qualidade que revelou não só como professor, mas sobretudo com a sua presença no popular programa televisivo “Se bem me lembro”, do qual foi autor e apresentador e que o deu a conhecer e popularizou junto do grande público.

De entre as suas obras, além do romance Mau Tempo no Canal (1944), geralmente considerado como um dos grandes romances da literatura portuguesa, ao lado de Os Maias de Eça de Queiroz, são de destacar Festa Redonda (1950), Nem Toda a Noite a Vida (1952), O Pão e a Culpa (1955), O Verbo e a Morte (1959), O Cavalo Encantado (1963), Canto da Véspera (1966), Sapateia Açoriana (1976). Colaborou ainda em várias revistas e jornais, tendo sido diretor do jornal O Dia, entre 1975 e 1976.

Vitorino Nemésio faleceu em Lisboa, a 20 de Fevereiro de 1978.

Manuel Barbosa (1905-1991)


Manuel Barbosa nasceu em Ponta Delgada em 17 de dezembro de 1905 e faleceu em S. Brás de Alportel em 27 de Junho de 1981. Licenciado em Direito e em Ciências Histórico-Filosóficas, fixou-se na Ribeira Grande, onde fundou o Externato Ribeiragrandense, a primeira instituição de ensino pós-primário daquele concelho. A par de professor foi também reconhecido advogado, escritor, tradutor e lutador antifascista ligado à Oposição Democrática. Integrou a lista da CDE pelo Distrito de Ponta Delgada nas eleições legislativas de 1969, participou ativamente na campanha eleitoral da oposição democrática em 1973 e participou no III Congresso Democrático de Aveiro com a tese “Infraestruturas Culturais nos Açores”. Foi sócio fundador da Cooperativa Cultural Sextante na Ribeira Grande.

A sua obra inclui: “A Nossa Terra” (revista em dois atos) de 1951; “Incerta Via” (poemas) de 1953, com segunda edição aumentada de 1989; “Folclore Terceirense” (quadras populares), de 1954; “Frutuoso, Vida e Obra“, de 1956; 5 English Poems“, de 1960; Virgílio de Oliveira: O Homem, o Poeta e o Ideólogo” (antologia), de 1969; Luta pela Democracia nos Açores” (estudo), de 1978; Memórias das Ilhas Desafortunadas” , de 1981; “Figuras e Perfis Literários“, de 1983; Enquanto o Galo Canta” (contos), de 1985; Memórias da Cidade Futura(pedagogia), de 1988.

Foi agraciado pelo Presidente da República com a Comenda da “Instrução Pública” e no centenário do seu nascimento foi homenageado pela Câmara Municipal da Ribeira Grande numa cerimónia que incluiu a inauguração do seu busto. Foi também agraciado, a título póstumo, com Insígnias Honoríficas Açorianas pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. 


Dinis da Luz (1915-1988)

Dinis da Luz de Medeiros, mais conhecido por Dinis da Luz., nasceu em São Pedro Nordestinho, ilha de São Miguel, em 8 de setembro de 1915. Além de sacerdote foi poeta e jornalista de reconhecido valor. A sua obra poética insere-se no panorama literário do modernismo, com expressão formalmente clássica e inclui: Ponta da madrugada (1939); Antes de Vir a Noite (1944); Asas do Natal (1958). É também autor da coletânea de contos Destinos no Mar (1953).

Os seus artigos na imprensa a favor dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial granjearam-lhe reconhecimento internacional, tendo sido condecorado com a Medalha da Liberdade pelo rei Jorge VI do Reino Unido e nomeado oficial da Ordem de Leopoldo II da Bélgica.

Foi membro do Instituto Cultural de Ponta Delgada. Faleceu a 20 de Dezembro de 1987 em São Pedro Nordestinho, Nordeste.


Manuel Ferreira (1916-2012)

Manuel Ferreira é uma personalidade importante da vida cultural dos Açores que se destacou como jornalista, escritor e historiador.

Manuel Ferreira nasceu em Ponta Delgada em 29 de Janeiro de 1916. A sua primeira obra, O Barco e o Sonho, publicado em 1979 com sucessivas reedições, foi adaptado para uma série televisiva com o mesmo título pelo realizador José Medeiros, da RTP-Açores. Essa narrativa, baseada em em factos reais relatados nos jornais açorianos dos anos 50, conta a aventura de dois açorianos que num pequeno barco construído por eles próprios conseguiram atravessar o Atlântico Norte e chegar aos Estados Unidos, destino sonhado por muitos açorianos que procuram fugir ao horizonte limitado das ilhas.

Manuel Ferreira revelou-se um escritor prolífero com mais de três dezenas de obras publicadas de cariz literário, histórico e biográfico, tendo sempre como pano de fundo os Açores e a ‘sua’ cidade natal, Ponta Delgada.

Faleceu em 1 de Dezembro de 2012 em Ponta Delgada.

Pedro da Silveira (1922 -2003)


Em 5 de setembro de 1922 nasceu na Fajã Grande, ilha das Flores o poeta , tradutor, crítico literário e investigador de temas da história e etnografia açorianas Pedro Laureano Mendonça da Silveira, mais conhecido por Pedro da Silveira. Autodidata de vasta cultura, Pedro da Silveira, foi um dos grandes poetas açorianos cuja obra, a par de vasta colaboração dispersa em periódicos e revistas, inclui: A Ilha e o Mundo (1952), Sinais de Oeste (1961), Corografia (1985) Poemas Ausentes(1999). Em 2000, começou a ser publicada, pela Direção Regional da Cultura a sua obra poética completa, sob o título Fui ao Mar Buscar Laranjas.

Publicou ainda outros trabalhos diversos como: Mesa de Amigos (1986), traduções de poesia feitas ao longo de mais de trinta anos; a antologia 43 Médicos Poetas (1999) uma Antologia da Poesia Açoriana (1977) e fez parte do conselho de redação da revista Seara Nova.

Oriundo de uma família liberal e maçónica, Pedro da Silveira também se destacou como militante anti-fascista. Durante a sua juventude, esteve ligado ao anarco-sindicalismo e colaborou ativamente nas campanhas eleitorais para a presidência da república de Norton de Matos em 1949 e de Arlindo Vicente em 1958.

Pedro da Silveira faleceu a 13 de abril de 2003, em Lisboa.

Natália Correia (1923- 1993

Em 13 de setembro de 1923 nasceu na Fajã de Baixo, Ponta Delgada, Natália Correia, uma das figuras mais proeminentes da literatura e da cultura portuguesas na segunda metade do século XX. Natália Correia foi autora de extensa e variada obra que se estende por diferentes géneros, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Fez televisão e colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras.

Durante as décadas de 1950 e 1960, a sua casa em Lisboa foi espaço de tertúlias políticas e convívios literários onde compareciam algumas das personalidades mais relevantes das artes, das letras e da política oposicionista portuguesa. Mais tarde essas reuniões passaram a ter lugar no Botequim, bar que fundou em 1971 com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta no Bairro da Graça, em Lisboa.

Ficou conhecida pela sua personalidade irreverente, livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, característica  que se refletiu na sua escrita. Antes do 25 de Abril teve importante intervenção política na oposição ao antigo regime e depois do 25 de Abril, entre 1980 e 1991, foi deputada na Assembleia da República, primeiro pelo PSD, depois como independente pelo PRD, intervindo politicamente em defesa da cultura e do património, dos direitos humanos e dos direitos das mulheres, valores que considerava inalienáveis da democracia.

Foi autora de inúmeros livros de poesia, entre os quais Rio de Nuvens (19479, O Vinho e a Lira (1965), Mátria (1968), Epístola aos Iamitas (1976), O Dilúvio e a Pomba (1979) e Sonetos Românticos (1990 (galardoado com Grande Prémio APE ). Publicou também os livros de ficção A Madona (1968) e As Núpcias (1990), as peças de teatro Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente (1981) e A Pécora (1983) e o ensaio Somos Todos Hispanos (1988). Em 1966 foi condenada a três anos de pena suspensa pela sua publicação da Antologia da Poesia Erótica e Satírica. Foi autora da série de programas para a televisão Mátria, dedicados à figura feminina nos seus mais variados aspetos. Foi também a autora da letra do Hino dos Açores. A sua obra está traduzida em várias línguas.

Natália Correia faleceu em Lisboa, a 16 de março de 1993.





Dias de Melo (1925-2008)


O professor e escritor açoriano José Dias de Melo nasceu na Calheta de Nesquim, ilha do Pico, em 19 de Abril de 1925.Dias de Melo foi autor de uma vasta e significativa obra centrada na experiência de vida do homem açoriano, particularmente a do baleeiro picoense. Mas a sua narrativa retrata também o espaço urbano, assumindo-se sempre como um narrador comprometido com a sorte dos mais fracos e das vítimas da engrenagem social.

Da sua obra, iniciada nos anos 50 com os livros de poemas “Toadas do Mar e da Terra” , é de destacar a trilogia "Pedras Negras", "Mar Rubro" e “Mar Pela Proa”" , e os livros de contos “Cidade Cinzenta” e “Vinde e Vede.

Faleceu em Ponta Delgada em 24 de setembro de 2008.